Alta nos aluguéis é a principal responsável por falta de moradia
Preços altos são a causa do aumento da demanda por habitação. No Brasil, o déficit habitacional é de 6,5 milhões de unidades.
por Rafael Tatemoto

O déficit habitacional cresceu 10% nas nove regiões metropolitanas monitoradas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2011 e 2012. Hoje, são 1,8 milhão de famílias sem residência adequada nessas localidades. A sistematização dos dados foi realizada pela Fundação João Pinheiro.
A demanda por moradia é calculada através de uma composição de fatores como o total de casas compartilhadas por mais de uma família e as residências com mais de três moradores em média por cômodo. Entre eles, está o peso do aluguel no orçamento familiar. Este foi o único critério que pressionou o déficit para cima, já que os outros diminuíram.
Nas regiões metropolitanas brasileiras, a necessidade por moradia adequada aumentou 10,2% – de 1.601.037 para 1.764.965. Na metrópole paulista, o aumento foi ainda maior: 18,2% – de 592.405 para 700.259.
No Brasil, o déficit habitacional é de aproximadamente 6,5 milhões de unidades. A região sudeste concentra 38% desse total – o equivalente a 2,6 milhões de casas. Dessas, São Paulo representa mais da metade (1,5 milhão). Ou seja, o estado concentra 23% de toda a demanda por habitação no país – quase um quarto.
O número de famílias pobres que usavam mais de um terço de seus ganhos para pagar o valores dos aluguéis em 2012, em todo país, era de 2,66 milhões, uma alta de 11% ante 2011 e de 35% ante 2007.
Tradicionalmente, esse patamar de gasto – de um terço – para famílias que ganham até três salários mínimos é encarado como um porcentual que compromete as despesas das famílias em outras áreas, como alimentação, transporte e saúde.
O déficit habitacional nacional causado pelos gastos com aluguel aumentaram 35% no período entre 2007 e 2012 – de 1.965.981 para 2.660.248. A demanda causada pelas outras variáveis diminuiu em todos os casos.
Segundo o índice Fipe-Zap, de janeiro de 2008 até abril de 2014, o valor médio do aluguel subiu 97% em São Paulo e 144% no Rio de Janeiro, por exemplo.
Se o quadro é negativo nas metrópoles, no restante das áreas do país os números são mais alentadores. Entre 2011 e 2012, o déficit habitacional recuou 1,6%, com a redução dos números de residências consideradas precárias e de casas compartilhadas.