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Sempre vi novela

No último verso da canção, os dois se encontravam, paravam frente a frente, abriam um sorriso.

Por Joaquim Vela (quimvela@brasildefato.com.br)

 

Sempre vi novela, falei de novela, mudei meus compromissos por causa de novela, li revista de novela. Aliás, eu sempre brinquei de novela. Criava os roteiros, os personagens, inventava nomes. Essa foi uma fase muito boa da minha vida, eu me divertia nos “diálogos monólogos”. E tinha cenas de tudo: raiva, emoção, amor, sexo...

Eu me lembro, já adolescente, de uma vez em que estava na formatura dos colegas de escola e a festa era a última cena de uma de minhas novelas. Na festa, acontecia a cena em que o casal de protagonistas (eu era o protagonista) finalmente se acertava, se perdoava. Sem dizer uma só palavra, enquanto a música tema dos dois tocava, eles se procuravam pelo salão, certos de que se amavam.

No último verso da canção (“Ana Júlia”, de Los Hermanos) os dois se encontravam, paravam frente a frente, abriam um sorriso, a cena congelava e subia o letreiro “fim”. Eu realmente fiz isso na festa.

Meu Deus, que garoto mais louco! Brincar de encenar com personagens imaginários, sozinho, falando, gritando e chorando, sorrindo pelos cantos!

Eu penso diferente. A novela sempre foi um instrumento que desperta a minha curiosidade pelas diferentes possibilidades de viver. De poder experimentar sensações e histórias que na vida real não dá.

Claro que isso tem mais a ver com o teatro ou literatura do que com a novela. Mas eram elas que eu tinha todos os dias na TV e brincando com elas eu me divertia e exercitava minha curiosidade e imaginação.

Hoje, me divirto e me exercito inventando tramas, “cupidando” casais, dramatizando as cenas da vida. A novela não saiu de mim. Por isso, há um ano despertou Joaquim Vela. Ele sempre esteve dentro de mim como o autor e ator de novelas.

Há um ano ele resolveu sair do armário e escrever. E com ele me divirto ao refletir sobre valores, ideologias, mudanças de comportamento que as novelas suscitam. Ainda mais em um jornal que tem uma visão tão particular da sociedade e do mundo. Obrigado Brasil de Fato por esse 1º aniversário de Joaquim Vela. E obrigado a você, leitor, por acompanhar minha imaginação por aqui.