Crônica: Teresa e a retranca
O beque corre pra grande área como se não houvesse amanhã. Eu me lembro de Teresa saindo do mar.
Por Thalles Gomes
Escanteio aos 47 minutos do 2º tempo daquele dois a um suado. E o treinador me mete um zagueiro no lugar do ultimo centroavante. O sistema de som anuncia a substituição, o beque corre pra grande área como se não houvesse amanhã... Eu me lembro de Teresa saindo do mar.
Só há duas coisas com o poder de suspender o correr dos ponteiros e transformar segundos em eternidade: bola na área nos acréscimos e primeira paquerinha na praia.
Excursão do colégio. Depois de uma pelada com os amigos, lá estou sentado na areia, pensando na recuperação de matemática, no álbum de figurinhas do Brasileirão e todos esses problemas que assolam a vida de um garoto de onze anos, quando vejo um brilho forte vindo do mar.
Coço os olhos pra garantir que não era miragem. Teresa, a menina mais bonita da 5ª C, estava saindo da água. O mundo parou de rodar, minha imaginação voou alto e já me via abraçado, beijado e amado por Teresa. O que só aconteceu na minha mente.
Teresa saiu da água, do colégio, da cidade e nem sequer me deu um beijinho de adeus. O mundo voltou a girar, o tempo passou e o zagueiro do primeiro parágrafo me fez um golaço de cabeça. Contra.